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CASO CLÍNICO

APRESENTAÇÃO DO CASO CLÍNICO

  O presente caso relata a progressão clínica de uma rapariga de 17 anos, na Flórida, sem registo de qualquer diagnóstico psiquiátrico passado, apesar de nunca ter sido avaliada por qualquer profissional de saúde especializado em saúde mental. Sob a Lei de Baker*, esta jovem foi detida involuntariamente durante 72 horas, depois de ter sido transferida de emergência para o departamento de saúde mental. Aparentemente, a jovem apresentava um comportamento alterado, destacando-se a agitação e comportamentos psicóticos, incluindo alucinações auditivas.

  Tudo começou, quando a mãe desta jovem notou um início agudo de diversos comportamentos bizarros. Durante a avaliação inicial da equipa médica, a jovem estava sonolenta e sem um discurso lúcido e coerente o suficiente para justificar aquilo que a poderá ter conduzido a estes comportamentos psicóticos. De acordo com o relato da mãe, a paciente estava em casa quando começou a gritar expressões, como "vai embora!". No decorrer deste episódio, a paciente afirmou que era apenas um pesadelo, mas a mãe refuta essa afirmação, dizendo que ela não estava a dormir e, portanto, não fazia sentido os relatos de pesadelos durante o sono.

  Também no decorrer do relato do acontecimento, a mãe desta jovem nega quaisquer distúrbios psicóticos passados, acreditando que esse episódio se poderia dever ao stress relacionado com a escola e a um relacionamento de longa distância. 

 

 

PROGNÓSTICO E EVOLUÇÃO CLÍNICA

  Os primeiros parâmetros laboratoriais da paciente apresentaram-se dentro dos limites normais, com exceção da avaliação das drogas na urina, indicando a presença de antidepressivos tricíclicos. Explicado pela mãe, poderia ser devido a um tratamento para as enxaquecas da jovem, durante vários anos.

  Nesse sentido, e uma vez que a paciente nunca experimentou sintomas desta natureza no passado, foi admitida no primeiro dia para observação e tratamento sintomático, sem qualquer indicação terapêutica para iniciar medicamentos psicotrópicos de rotina. No segundo dia de internamento, a jovem continuava a precisar de toda a ajuda da equipa auxiliar de saúde, para conseguir concretizar pequenos atos. Contudo, e apesar de continuar com alterações psicóticas evidentes, a paciente coloca a hipótese de ter sido drogada com Flakka por um amigo, mas sem qualquer memória concreta sobre o que se teria passado. A equipa média realizou uma tomografia computadorizada sem contraste da cabeça, no sentido de descartar quaisquer causas orgânicas. Os resultados foram negativos. 

  Ao terceiro dia de internamento, a jovem continuava a revelar os sintomas descritos em cima, repetindo várias frases, num discurso desorganizado e incoerente ("Obrigada, obrigada Jesus"). Desde o primeiro dia de internamento, foi-lhe administrada várias vezes Olanzapina e Lorazepam intramuscular, pelo que se considerou a continuação do tratamento com Olanzapina (antipsicótico atípico), com o objetivo terapêutico de diminuir os sintomas.

  Ao quinto dia de internamento, a paciente tinha indicação terapêutica para Olanzapina 10 mg duas vezes ao dia, juntamente com Lorazepam a cada quatro horas, conforme necessidade para a agitação que apresente. Ao sexto dia, houve melhorias na coerência de raciocínio e discurso, mostrando-se alerta e orientada, tendo noções de tempo e espaço, e capaz de realizar algumas atividades do quotidiano.

 

  Finalmente, e quando questionada sobre os seus sintomas naquele período de tempo, a jovem relatou um incidente que aconteceu na escola, no dia anterior à admissão no hospital. A jovem descreveu que o seu grupo de amigos a pressionava a experimentar a droga em causa.  Embora ela tenha recusado, a jovem tem a convicção que eles poderão ter drogado a sua comida.

  Em caso de intoxicação por derivados sintéticos da  catinona (como é o caso da Flakka), as recomendações terapêuticas são sobretudo o controle da agitação, de forma a não progredir para um descompensação aguda fatal [1].

*O Baker Act é uma lei da Flórida que permite às famílias e entes queridos prestar serviços de saúde mental de emergência e detenção temporária para pessoas com deficiência, como resultado da sua doença mental e que não conseguem determinar as suas necessidades de tratamento. O Ato recebeu o nome de Maxine Baker, ex-representante do Estado de Miami, que apoiou a Lei em 1972.

Fonte: https://ufhealth.org/baker-act , University of Florida Health [acedido a 27 de fevereiro de 2018].

REFERÊNCIAS: 

[1] Crespi C (2016) Case Report: Flakka-Induced Prolonged Psychosis. Case Reports in Psychiatry 2016:1-2

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