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TOXICOCINÉTICA

  A informação relativa aos processos associados à toxicocinética da α-PVP – absorção, distribuição, metabolismo e eliminação (ADME) é muito reduzida e baseia-se sobretudo em relatos clínicos por intoxicação por esta droga, assim como estudos in vitro [1].

 

  As conclusões das análises laboratoriais dos casos clínicos por intoxicação, revelam a presença de α-PVP metabolicamente inalterável no sangue, assim como também a presença de metabolitos desta droga, ou seja, significa que a quantidade administrada não foi totalmente metabolizada (nos respetivos metabolitos) no organismo.  Assim, a pesquisa específica desses metabolitos, revelou a presença de espécies β-hidroxi (HO-PVP) reduzidas e uma gama de metabolitos adicionais, associados a modificações no anel de pirrolidina, anel fenólico e grupo α-alquilo [2].

 

  O primeiro estudo, publicado em 2009, baseou-se na implementação de um procedimento de rastreio em urina de rato, após análise por Espetrometria de Massa (EM), Cromatografia Gasosa (CG) e Derivatização Química. Foi detetada uma gama de produtos de biotransformação, que incluíam PVP, N,N-bis-dealquilo-PVP, o derivado de pirrolidin-2-ona 2'-oxo-PVP, hidroxialquil-PVP, hidroxifenil-N,N-bis- dealquilo-PVP, hidroxifenil-PVP, hidroxialquil-2'-oxo-PVP, carboxi-4-oxo-PVP, hidroxifenil-2''-oxo-PVP, di-hidroxi-PVP, hidroxifenil-carboxi-4-oxo-PVP e hidroxifenil-carboxi-4-oxo-PVP [2].

 

  A hidroxilação da cadeia lateral da α-PVP parece ser catalisada após exposição às enzimas: 

  • CYP450

  • CYP2B6

  • CYP2C19 

  • CYP2D6

  • CYP1A2

  Relativamente a algumas das enzimas mencionadas anteriormente, importa  referir o seu papel no metabolismo do fármaco:

  • CYP2B6 e CYP2C19 - responsáveis pela formação dos metabolitos M1, M2 e M3;

  • CYP2D6 - responsável pela formação dos metabolitos M4, M5 e M6 e auxilia na formação da M1 e M2;

 

  Mais recentemente, sete metabolitos da fase I foram identificados em amostras de urina humana, o que confirmou vários passos de biotransformação, tais como:

  • Redução (M1);

  • Hidroxilação (M2);

  • Hidroxilação + desidrogenação (M3);

  • Redução  + hidroxilação + desidrogenação (M4);

  • Degradação do anel de pirrolidina (M5);

  • Hidroxilação + desidrogenação + abertura do anel + oxidação (M6);

  • Hidroxilação + oxidação (M7) [2].

  Os metabolitos de fase I que se formaram, resultaram de redução, hidroxilação e transformação do anel de pirrolidina. O principal metabolito formado sob as condições investigadas foi a redução da espécie β-hidroxi-2''-oxo-PVP que foi associada à atividade recombinante da CYP2C19, CYP2B6 e CYP2C9 humanas, conforme determinado em estudos in vitro separados [2]

Figura 1

Metabolitos de α-PVP identificados em urina humana.

  A cetona reduzida, ou seja, a 1-fenil-2-(pirrolidina-1-il) pentan-1-ol (HO-PVP), foi a espécie mais abundante nas amostras de urina humana. Da mesma forma, a deteção da espécie hidroxialquil-PVP também foi observada com base em estudos in vitro.

 

  Estima-se que a semi-vida de eliminação urinária da α-PVP, após injeção IV, é de 22h nos primeiros 5 dias e de 40h do 6º ao 10º dia.

 

  A análise de amostras de urina, revelou a presença de vários metabolitos, incluindo os diastereoisómeros de HO-α-PVP, 2''-oxo-α-PVP, 2''-HO-α-PVP e glucuronido de HO-α-PVP.

             

  Uma outra investigação em larga escala, de amostras de urina submetidas a análise, detetou níveis elevados de molécula inalterada, metabolitos derivados da degradação da pirrolidina, assim como a formação de aminas primárias seguida de redução em álcoois [3].

             

  Do metabolismo de fase II, conhece-se apenas dois metabolitos que se formam por glucuronidação dos metabolitos M3 e M6. É ainda de salientar, que os metabolitos resultantes da hidroxilação do anel aromático podem também sofrer glucoronidação [3].

REFERÊNCIAS:

[1] WHO Expert Committee on Drug Dependence. 1-Phenyl-2-(pyrrolidin-1-yl)pentan-1-one (α-PVP). Critical Review Report. Agenda item 5.3. Thirty-seventh meeting of the Expert Committee on Drug Dependence. Geneva, Switzerland, 16-20 November 2015.

[2] Glennon, R. A. and R. Young (2016). "Neurobiology of 3,4-methylenedioxypyrovalerone (MDPV) and alpha-pyrrolidinovalerophenone (alpha-PVP)." Brain Res Bull 126(Pt 1): 111-126.

[3] Negreira N, Erratico C, Kosjek T, et al (2015) In vitro Phase I and Phase II metabolism of α-pyrrolidinovalerophenone (α-PVP), methylenedioxypyrovalerone (MDPV) and methedrone by human liver microsomes and human liver cytosol. Anal Bioanal Chem 407:5803–5816.

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